Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o amar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Este poema fala-nos sobre o amor puro e apaixonado e sobre tristezas e memórias reunidas durante o caminho vivido. Neste poema pode-se observar ainda vestígios do fim da 2ª Guerra Mundial pois consegue-se ver o contexto melancólico por que se passava na altura. O poema está estruturado em cinco estrofes: 3 sextilhas, 1 quintilha e 1 dístico. Não tem rimas ou sílabas métricas.
Começando pelo título, trata-se do verbo amar o que indica a ação de amar, logo, precisa de um objeto. Na primeira estrofe é questionado o que mais além de amar, estando no meio de criaturas (referindo-se não só às pessoas), é possível de se fazer.
Na segunda estrofe vê-se o sentido de se entregar, aceitar o que a vida der. É questionado o se deve amar: o que o próprio amor sepulta ou o que o mar sepulta (o mar pode ser visto como um local de transição)? O autor coloca em dúvida o que é de facto o amor. Na terceira estrofe é dito que mesmo quando a criatura é vazia (deserto), ela tem algo para oferecer, significando a entrega total (não se espera nada em troca, mas sabe-se que o deserto possui um oasis).
Já na quarta estrofe a ideia que se seguia interrompe-se. O eu-lírico apercebe-se que apenas ama um desejo: o desejo de amar e que este é o destino, amar apenas o vazio (é preciso vazio para que as coisas sejam construídas). O amor é comparado a uma concha vazia - deseja-se e não se encontra nada mas não nos cansamos de o procurar e de desejá-lo. A última estrofe é uma confirmação da estrofe anterior.
Este é o meu poema favorito porque é um dos poemas mais conhecidos em todas as suas obras e também porque, para mim, descreve o que é "Amar" comparando com o real significado para as pessoas hoje em dia.
Começando pelo título, trata-se do verbo amar o que indica a ação de amar, logo, precisa de um objeto. Na primeira estrofe é questionado o que mais além de amar, estando no meio de criaturas (referindo-se não só às pessoas), é possível de se fazer.
Na segunda estrofe vê-se o sentido de se entregar, aceitar o que a vida der. É questionado o se deve amar: o que o próprio amor sepulta ou o que o mar sepulta (o mar pode ser visto como um local de transição)? O autor coloca em dúvida o que é de facto o amor. Na terceira estrofe é dito que mesmo quando a criatura é vazia (deserto), ela tem algo para oferecer, significando a entrega total (não se espera nada em troca, mas sabe-se que o deserto possui um oasis).
Já na quarta estrofe a ideia que se seguia interrompe-se. O eu-lírico apercebe-se que apenas ama um desejo: o desejo de amar e que este é o destino, amar apenas o vazio (é preciso vazio para que as coisas sejam construídas). O amor é comparado a uma concha vazia - deseja-se e não se encontra nada mas não nos cansamos de o procurar e de desejá-lo. A última estrofe é uma confirmação da estrofe anterior.
Este é o meu poema favorito porque é um dos poemas mais conhecidos em todas as suas obras e também porque, para mim, descreve o que é "Amar" comparando com o real significado para as pessoas hoje em dia.