Nem tudo e fácil na vida,
mas, com certeza, nada é impossível.
Precisamos de acreditar,
ter fé e lutar,
para que não apenas sonhemos,
mas também para tornarmos
todos esses sonhos realidade.
Ouse procurar as coisas que mais ninguém pode ver
e não tenha medo de ver o que os outros não podem.
Acredite no seu coração pois,
ao fazê-lo,
outros acreditarão na sua capacidade de amar.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Poemas que se tornaram músicas
Alguns poemas escritos por Carlos Drummond de Andrade foram adaptados para músicas. Alguns exemplos são:
José (1972)
Adaptado por Paulo Diniz
Canção Amiga (1978)
Adaptado por Milton Nascimento
Poemas musicados
Adaptado por Belchior
Em 2004, Belchior adaptou trinta e um poemas de Drummond para músicas.
domingo, 3 de janeiro de 2016
Poema favorito - Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o amar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Este poema fala-nos sobre o amor puro e apaixonado e sobre tristezas e memórias reunidas durante o caminho vivido. Neste poema pode-se observar ainda vestígios do fim da 2ª Guerra Mundial pois consegue-se ver o contexto melancólico por que se passava na altura. O poema está estruturado em cinco estrofes: 3 sextilhas, 1 quintilha e 1 dístico. Não tem rimas ou sílabas métricas.
Começando pelo título, trata-se do verbo amar o que indica a ação de amar, logo, precisa de um objeto. Na primeira estrofe é questionado o que mais além de amar, estando no meio de criaturas (referindo-se não só às pessoas), é possível de se fazer.
Na segunda estrofe vê-se o sentido de se entregar, aceitar o que a vida der. É questionado o se deve amar: o que o próprio amor sepulta ou o que o mar sepulta (o mar pode ser visto como um local de transição)? O autor coloca em dúvida o que é de facto o amor. Na terceira estrofe é dito que mesmo quando a criatura é vazia (deserto), ela tem algo para oferecer, significando a entrega total (não se espera nada em troca, mas sabe-se que o deserto possui um oasis).
Já na quarta estrofe a ideia que se seguia interrompe-se. O eu-lírico apercebe-se que apenas ama um desejo: o desejo de amar e que este é o destino, amar apenas o vazio (é preciso vazio para que as coisas sejam construídas). O amor é comparado a uma concha vazia - deseja-se e não se encontra nada mas não nos cansamos de o procurar e de desejá-lo. A última estrofe é uma confirmação da estrofe anterior.
Este é o meu poema favorito porque é um dos poemas mais conhecidos em todas as suas obras e também porque, para mim, descreve o que é "Amar" comparando com o real significado para as pessoas hoje em dia.
Começando pelo título, trata-se do verbo amar o que indica a ação de amar, logo, precisa de um objeto. Na primeira estrofe é questionado o que mais além de amar, estando no meio de criaturas (referindo-se não só às pessoas), é possível de se fazer.
Na segunda estrofe vê-se o sentido de se entregar, aceitar o que a vida der. É questionado o se deve amar: o que o próprio amor sepulta ou o que o mar sepulta (o mar pode ser visto como um local de transição)? O autor coloca em dúvida o que é de facto o amor. Na terceira estrofe é dito que mesmo quando a criatura é vazia (deserto), ela tem algo para oferecer, significando a entrega total (não se espera nada em troca, mas sabe-se que o deserto possui um oasis).
Já na quarta estrofe a ideia que se seguia interrompe-se. O eu-lírico apercebe-se que apenas ama um desejo: o desejo de amar e que este é o destino, amar apenas o vazio (é preciso vazio para que as coisas sejam construídas). O amor é comparado a uma concha vazia - deseja-se e não se encontra nada mas não nos cansamos de o procurar e de desejá-lo. A última estrofe é uma confirmação da estrofe anterior.
Este é o meu poema favorito porque é um dos poemas mais conhecidos em todas as suas obras e também porque, para mim, descreve o que é "Amar" comparando com o real significado para as pessoas hoje em dia.
sábado, 2 de janeiro de 2016
Quadrilha - Análise
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Este poema foi publicado em 1930, na sua primeira obra Alguma Poesia. Tem uma única estrofe com sete versos (redondilha maior), sem rimas ou sílabas métricas. O poema fala sobre os descompassos do amor, sobre os desejos não realizados e sobre o destino frustrando as expectativas de João, Teresa, Raimundo, Maria, Joaquim e Lili.
O amor não era correspondido a nenhuma destas personagens e por isso vão vivendo a sua tragédia pessoal: o exílio de João nos Estados Unidos e o de Teresa no convento, o desastre que matou Raiumundo, o título de tia imposto a Maria, o suicídio de Joaquim e o casamento de Lili com J. Pinto Fernandes que até aí não tinha nada a ver com a história.
Isto dá a impressão que o autor do poema, Drummond, não acreditava na felicidade que poderia provir de um casamento e apenas o encara como uma mera convenção social. Tanto que Lili, quem não amava ninguém, foi a única que casou - uma mera instituição ligada ao status e aos interesses financeiros.
O amor não era correspondido a nenhuma destas personagens e por isso vão vivendo a sua tragédia pessoal: o exílio de João nos Estados Unidos e o de Teresa no convento, o desastre que matou Raiumundo, o título de tia imposto a Maria, o suicídio de Joaquim e o casamento de Lili com J. Pinto Fernandes que até aí não tinha nada a ver com a história.
Isto dá a impressão que o autor do poema, Drummond, não acreditava na felicidade que poderia provir de um casamento e apenas o encara como uma mera convenção social. Tanto que Lili, quem não amava ninguém, foi a única que casou - uma mera instituição ligada ao status e aos interesses financeiros.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
No meio do caminho - Análise
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Este poema é composto por uma única estrofe com dez versos (décima), sem rimas ou sílabas métricas. O que chama muito à atenção neste poema é a repetição de palavras. Se elimina-se-mos as repetições, o texto seria "No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas".
Neste poema, "pedra" deve ser interpretado figurativamente como dificuldades ou algo marcante e "caminho" como vida. Por a palavra "pedra" ser repetida múltiplas vezes, o seu significado é aumentado, elevando esta pedra ao nível de um obstáculo no entanto esta pedra é vista como pertencente ao caminho.
Concluindo, o autor estava a falar das coisas que nos atrapalham a vida, que não deixam ou adiam algo que temos que fazer e por ser algo marcante nunca o esquecemos.
Neste poema, "pedra" deve ser interpretado figurativamente como dificuldades ou algo marcante e "caminho" como vida. Por a palavra "pedra" ser repetida múltiplas vezes, o seu significado é aumentado, elevando esta pedra ao nível de um obstáculo no entanto esta pedra é vista como pertencente ao caminho.
Concluindo, o autor estava a falar das coisas que nos atrapalham a vida, que não deixam ou adiam algo que temos que fazer e por ser algo marcante nunca o esquecemos.
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