quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Congresso Internacional do Medo - Análise


Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

Este poema fala-nos sobre o medo, característico das décadas de 30-40 devido à 2ª Guerra Mundial.
A vida cotidiana sofre uma parada repentina e entra num período em que “Provisoriamente não cantaremos o amor”. O poeta sabe que é apenas uma coisa temporária, mas esse medo excede quaisquer limites já que encontrado em toda a gente (mães, sertões, etc).

Para nos dar a dimensão desejada, a palavra medo é usada doze vezes apesar do poema ter apenas onze versos. Drummond, para dar a sensação de que o temor era crescente, emprega o termo de maneira mais densamente repetida a partir do sexto verso.

O poema pertece à segunda fase do modernismo brasileiro. Está estrurado numa única estrofe com onze versos. Não tem rimas ou sílabas métricas. Este formato parece adequado para reforçar a ideia de indefinições no cenário medonho apresentado no texto.

O autor usa a primeira pessoa do plural no poema. Isto pode dever-se a ele não saber quando é que aquele período de medo vai terminar portanto ele quer referir-se a ele e a nós, leitores de qualquer época.

Ao ler este poema, concluímos que Drummond procura sérias transformações sociais e políticas para evitar que a maneira como se estava a viver não se torne uma continuação para o futuro a ponto de nos deixar amarelos e inseguros de medo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Biografia

Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Nasceu a 31 de outubro de 1902 em Itabira, Minas Gerais. Estudou em Belo Horizonte e foi aí que deu início à sua carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas em 1921. Devido à insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se no curso de Farmácia a 1925. Nesse mesmo ano, casa-se com Dolores Dutra de Morais. Fundou com outros escritores "A Revista", veículo do Modernismo Mineiro. Também trabalhou por vários anos como funcionário público, aposentando-se em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil. Na década de 60, Drummond conquista o cenário internacional.
O autor morreu a 17 de agosto de 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte da sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
O modernismo exerceu uma grande influência na obra deste poeta, apesar de não estar muito presente nas suas primeiras obras. Os seus poemas têm uma linguagem popular, também usando a ironia e o sarcasmo.
Os sentimentos de angústia quanto ao futuro, o orgulho e saudade da terra natal, o fazer poético, questões do indivíduo e o existencialismo são temas muito presentes na sua obra. Quando passa a escrever sobre o contexto social, o desejo de transformação e a solidariedade são temas que aparecem nos livros. Como o autor viveu na época da Guerra Fria, a incerteza do período também pode ser observado nos seus trabalhos.

OBRAS
Poesias
Alguma Poesia (1930)
Brejo das Almas (1934)
Sentimento do Mundo (1940)
José (1942)
A Rosa do Povo (1945)
Claro Enigma (1951)
Fazendeiro do ar (1954)
Viola de Bolso (1955)
Lição de Coisas (1964)
Boitempo (1968)
A falta que ama (1968)
Nudez (1968)
As Impurezas do Branco (1973)
Menino Antigo - Boitempo II (1973)
A Visita (1977)
Discurso de Primavera (1977)
Algumas Sombras (1977)
O marginal clorindo gato (1978)
Esquecer para Lembrar - Boitempo III (1979)
A Paixão Medida (1980)
Caso do Vestido (1983)
Corpo (1984)
Amar se aprende amando (1985)
Poesia Errante (1988)
O Amor Natural (1992)
Farewell (1996)

Antologia Poética
50 poemas escolhidos pelo autor (1956)
Antologia Poética (1962)
Antologia Poética (1965)
Seleta em Prosa e Verso (1971)
Amor, Amores (1975)
Carmina drummondiana (1982)
Boitempo I e Boitempo II (1987)
A ultima pedra no meu caminho (1950)

Prosa
Confissões de Minas (1944)
Contos de Aprendiz (1951)
Passeios na Ilha (1952)
Fala, amendoeira (1957)
A bolsa & a vida (1962)
Cadeira de balanço (1966)
Caminhos de João Brandão (1970)
O poder ultrajovem e mais 79 textos em prossa e verso (1972)
De notícias & não-notícias faz-se a crônica (1974)
Os dias lindos (1977)
70 historinhas (1978)
Contos plausíveis (1981)
Boca de luar (1984)
O observador no escritório (1985)
Tempo de vida poesia (1986)
Moça deitada na grama (1987)
O avesso das coisas (1988)
Auto-retrato e outras crônicas (1989)

Obras Infantis
O Elefante (1983)
História de dois amores (1985)
O Pintinho (1988)

Documentário

Entrevista

Sitografia:
http://www.suapesquisa.com/biografias/drummond.htm
http://www.releituras.com/drummond_bio.asp
http://www.e-biografias.net/carlos_drummond/
http://www.resumoescolar.com.br/biografias/resumo-sobre-carlos-drummond-de-andrade-biografia/
http://www.suapesquisa.com/biografias/obras_drummond.htm